Ataúro - ilha das bonecas (Timor Leste)
A ilha de Ataúro situa-se a Norte e Timor Leste. A viagem a bordo do ferryboat “Berlim- Nakroma” demora cerca de 3 horas sendo esta a única forma de chegar a esta pequena ilha desde a capital, Díli. A viagem só se realiza uma vez por semana ao sábado, parte de Díli às 8:30 e regressa no mesmo dia às 15:30. Esta viagem é feita por muitos locais que aproveitam para abastecer a pequena ilha de mantimentos, ou para visitar as suas famílias. Alguns expatriados deslocam-se a este pequeno paraíso para passar o sábado e desfrutar das águas límpidas e cristalinas onde podem fazer snorkling, outros optam por passar o fim de semana…e aí começa a aventura!
Quem fica na ilha após a partida do Nakroma tem que regressar a Díli em barcos de pescadores, nem sempre confortáveis ou seguros, mas é sempre uma viagem divertida que tem inicio às 4 da manha de 2ª feira. A beleza de Ataúro, das suas praias e o ambiente propício para relaxar após uma semana de trabalho, recomendam uma visita a está maravilhosa ilha.
Existem duas pequenas pousadas de Ecoturismo na ilha, Uma delas, Tua Ko’in, está situada a 5 km do porto onde pára o Nakroma. Encontrar transporte até a pousada é uma tarefa dificil, e para se chegar lá tem que se fazer alguns malabarismos.....e é aqui que começa a segunda parte da aventura em Ataúro. Pergunta-se a algum local se há algum carro que vá para os lados da Vila, ele responderá…”conforme…”, ou “sim…”, sem saber muito bem o que foi perguntado. Estas são as respostas que mais frequentemente o viajante irá ouvir. Se perguntar se há artesanato, se há restaurantes, ouvirá sempre respostas evasivas ou sem nexo com a pergunta feita. Na pior das hipóteses, arrisca-se a esperar horas por um carro que não irá aparecer, portanto… é mais seguro ir a pé. São as contingências e as particularidades desta pequena ilha assim como de todo Timor, ainda assim não perde o encanto. A segunda opção de pousada ecológica, fica a 5 minutos do porto, sendo por isso a mais recomendada. Conhecida como “Barry’s place” (ainda sem nome oficial apesar de existir desde 2006), é dirigida por um simpático Australiano que fixou residência nesta ilha há 9 anos. Conversando com o Barry aprendemos que é preciso saber viver aqui, isto é, é preciso aprender a cultura e tradições timorenses, falar o Tetum, língua local, e conviver harmoniosamente como os locais, esquecer o tempo e relaxar!!!
A pousada do Barry é constituído por 4 bungallows todos eles construídos com materiais naturais locais (palmeira, bambu e coqueiro), em todos eles à porta tem uma rede que convida à prática do “dolce fare niente".
Os muros do pátio de entrada de cada Bungalow servem de banco e são adornados com confortáveis almofadões criados com os desenhos típicos (e famosos) das “Bonecas de Ataúro”, um projecto criado por uma italiana (Piera) de apoio à comunidade local, que emprega 30 mulheres.
Os muros do pátio da entrada que servem de banco encontram-se adornados por almofadões das “Bonecas de Ataúro” (um projecto de apoio à comunidade local, que emprega 30 mulheres conta com o apoio do Instituto Camões e é coordenado por uma designer italiana, Piera). É aqui que se produzem entre outras coisas as famosas (em Timor) “Bonecas de Atauro”, feitas de pano e consideradas um ex-libris de Ataúro.
Os Bungalows do Barry estão harmoniosamente construídos próximos à praia de areias brancas e águas translúcidas, cada qual com formatos diferentes, e alguns com capacidade para diversas pessoas. Possuem gazebos à beira mar, que também convidam a deitar preguiçosamente e simplesmente ficar… ouvir os pássaros a cantar no bosque próximo, ler um livro, ou não fazer mesmo rigorosamente nada. Essa é a fórmula secreta – segundo Barry - para estar em Ataúro.
A combinação dos Bungalows e o verde da montanha atrás do Ecoresort, com os tons de azul e verde cristalino do mar, mais as praias de águas límpidas e quase desertas transportam nos para um cenário retirado da aventura de Robinson Crosué....... é para qualquer mortal render-se à mais profunda tranquilidade e esquecer o stress do dia a dia, e simplesmente desligar.
Domingo de manhã, Barry com a sua boa disposição e calma que o caracterizam, após preparar o pequeno-almoço para os hóspedes, põe o motor no barco que fica à disposição de quem quiser fazer snorkling, tem material disponível para emprestar (barbatanas, óculos mergulho, protector solar, repelente…) para quem não vier prevenido, e mesmo em frente à praia do resort a uma curta viagem de barco, encontramos um banco de coral fantástico, uma variadíssima vida marinha. A diária de 30 USD por pessoa inclui pequeno-almoço, almoço e jantar. No edifício central que é a própria casa do Barry, podem-se encontrar guitarras para quem quiser utilizar, uma pequena biblioteca com vários tipos de literatura e sempre à disposição café, chá e àgua, à boa maneira dos “backpackers” australianos.
Todo o resort funciona baseado nos princípios da permacultura, criando assim o mínimo impacto na paisagem e na comunidade, certos cuidados são tomados como construir utilizando materiais locais. Todo este processo requer sabedoria tempo e paciência, os bungallows são construídos ao ritmo de um por ano e para a construção dos mesmos é utilizada a mão-de-obra local, de forma envolver a toda a comunidade desta pequena vila de pescadores e trazer assim mais uma fonte de recursos às pessoas que vivem nesta ilha.
É necessário conhecer o ritmo de crescimento das plantas, qual a altura de colher e que materiais utilizar, por exemplo, o bambu utilizado na construção das paredes dos bungallows, tem que ter 3 anos de idade e deve ser colhido na lua cheia da Páscoa, após a colheita o bambu tem que esperar um ano até poder ser utilizado.
O telhado é feito pelo grupo da igreja, que vive no alto da montanha e tem disponível este material para abastecer a ilha. Funciona como troca de serviços, quando Barry precisa de um telhado pergunta o que faz falta à igreja, (bancos, órgão, gerador) posteriormente isso será o pagamento do telhado encomendado. É uma forma de gerar fonte de rendimento, nesta aldeia sem grandes recursos. As casas de banho anaeróbicas, encontram-se perto de cada bungallow, são feitas de palapa (cerca feita da haste central da folha da palmeira) em vez de água é utilizado serrim a cada “descarga” que ajudará a compostagem. O “banho de caneco” é o único disponível na ilha, a seguir ao banho no mar é o melhor! Os bungallows são equipados com painéis solares, acumulando energia suficiente para ter luz toda a noite (no entanto não é suficiente para ter uma ventoinha…)
Cada aldeia espalhada pela ilha tem a sua especialidade, em Makadade são feitos as estatuas de Ataúro, que Barry tem à porta de todos os bungallows, tal como guardiães, a estatua de um homem e uma mulher permanecem um de cada lado à entrada do bungallow. É também em Makadade que se fazem os curiosos óculos de mergulho de madeira, uma das adaptações, que se pode encontrar em Timor. À falta de recursos, e com a necessidade de mergulhar para pescar, os pescadores criaram estes óculos todos esculpidos em madeira, copiando o formato dos óculos de mergulho que estamos habituados a ver, com vidro a substituir as lentes plásticas normalmente utilizadas. As espécies marinhas encontradas a pouca distância da costa são variadíssimas, encontram-se também bancos de corais, zonas menos profundas que formam um autêntico jardim com variadíssimas cores e diversidade de corais. E assim se passa um fim de semana próximo do paraíso.