Trilho da Gruta da Moura
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Ponte de Lima
Em pleno coração do Vale do Lima, a beleza castiça e peculiar da vila mais antiga de Portugal esconde raízes profundas e lendas ancestrais. Foi a Rainha D. Teresa quem, na longínqua data de 4 de março de 1125, outorgou carta de foral à vila, referindo-se à mesma como Terra de Ponte. Anos mais tarde, já no século XIV, D. Pedro I, atendendo à posição geo-estratégica de Ponte de Lima, mandou muralhá-la, pelo que o resultado final foi o de um burgo medieval cercado de muralhas e nove torres, das quais ainda restam duas, vários vestígios das restantes e de toda a estrutura defensiva de então, fazendo-se o acesso à vila através de seis portas.
A ponte, que deu nome a esta nobre terra, adquiriu sempre uma importância de grande significado em todo o Alto Minho, atendendo a ser a única passagem segura do Rio Lima, em toda a sua extensão, até aos finais da Idade Média. A primitiva foi construída pelos romanos, da qual ainda resta um troço significativo na margem direita do Lima, sendo a medieval um marco notável da arquitetura, havendo muito poucos exemplos que se lhe comparem na altivez, beleza e equilíbrio do seu todo. Referência obrigatória em roteiros, guias e mapas, muitos deles antigos, que descrevem a passagem por ela de milhares de peregrinos que demandavam a Santiago de Compostela e que ainda nos dias de hoje a transpõem com a mesma finalidade.
A partir do século XVIII a expansão urbana surge e com ela o início da destruição da muralha que abraçava a vila. Começa a prosperar, por todo o concelho de Ponte de Lima, a opulência das casas senhoriais que a nobreza da época se encarregou de disseminar. Ao longo dos tempos, Ponte de Lima foi, assim, somando à sua beleza natural magníficas fachadas góticas, maneiristas, barrocas, neoclássicas e oitocentistas, aumentando significativamente o valor histórico, cultural e arquitetónico deste rincão único em todo o Portugal.
Fonte: Município de Ponte de Lima [1]
Trilho da Gruta da Moura
Ao fazermos a trilha da gruta da Moura quisemos aliar o conhecimento sobre o património cultural imaterial das terras do Lima e as belezas naturais.Aqui pudemos conhecer a lenda local da "pieira dos lobos" ou pastora dos lobos e durante o percurso conhecemos a serra que esconde a gruta, assim como a sua fauna e flora típicas da região do Minho/Lima.
Venham connosco conhecer as terras do Lima
Lenda da Pieira dos Lobos
"Era uma vez um cavaleiro chamado D. Afonso Ancemonde, senhor de Refojos, em terras de Ponte de Lima, onde residia, num grande solar acastelado.
Fora companheiro de armas do pai do nosso primeiro rei e, junto dele, travara inúmeras batalhas contra os moiros, distinguindo-se pela firmeza do pulso, no manejo do montante, a cair, violento, sobre os brancos albornozes, tingindo-os de sangue vivo.
Mas a sua bravura igualava a brandura do seu coração, perante o encanto de uma mulher.
Pois, ao apaixonar-se, aquebrantava-se-lhe o ímpeto guerreiro, entregue, unicamente, à doçura do amor.
Caçador infatigável, ocupava as suas madrugadas perseguindo, no monte áspero da Labruja, o rasto do urso, que por esses tempos habitava aquelas selvas, feroz e traiçoeiro.
Um dia, porém, surgiu-lhe, pela frente, ululante, uma alcateia de lobos famintos e ameaçadores.
Não se temeu dela D. Afonso. Tomou o arco e disparou uma flecha certeira, atingindo, entre os olhos de fogo, o chefe do bando, que o comandava à dianteira.
O animal ferido soltou um uivo medonho e desapareceu numa brecha entre dois altos penedos, seguido pelos companheiros.
Quis o fidalgo ir-lhes no enlace, esporeando, com fúria, os flancos do seu ginete aterrorizado.
Partiu o cavaleiro numa corrida desenfreada.
Mas o cavalo, cego de dor e de medo, foi chocar com a dureza dos penedos, derrubando D. Afonso, que ali quedou desmaiado.
Quando o senhor de Refojos abriu, por fim, os olhos, viu-se deitado numa vasta gruta recoberta de peles de corça, assistido por uma dama formosíssima, que tinha, aos pés, com a mansidão de um cordeiro, o lobo alvejado pela sua flecha.
Perguntou-lhe D. Afonso quem era e por que se encontrava naquele misterioso lugar, na companhia perigosa de uma fera.
Ouviu-lhe, então, com espanto, a história do que lhe havia acontecido e do que lhe estava a acontecer: Última das sete filhas de um casal de nobres pergaminhos, os pais haviam-se esquecido de lhe dar por madrinha uma das seis irmãs, condenando-a, assim, a um destino maldito:
Quando a Lua Cheia ilumina as noites limianas, ela transforma-se em pieira de lobos, (pastora de lobos), vagueando, com eles, pelo escuro das brenhas, pelos fundos fojos das montanhas, vendo-lhes a fauce sangrenta de abocanhar as presas, os olhos coruscantes.
Mas, nesse dia, completava-se o sétimo ano da sua condenação, quando o amor de um homem a podia restituir à liberdade , à paz de uma vida normal.
Por certo, D. Afonso era esse homem que a salvaria de fado tão cruento, concedendo-lhe a desejada felicidade.
Mas não era.
O cavaleiro, embora fascinado pela beleza da jovem, julgou-se diante de uma impostora, de alguém que lhe cobiçava o nome e a fortuna, inventando uma história fantástica para o seduzir.
Talvez uma dessas muitas comediantes que conhecera nas trupes teatrais, animadoras de serões dos paços, com seus trovadores, poetas e bailarinos, suas momices e entremezes.
Sim: com muitas dessas comediantes tivera amores passageiros, que lhe enfraqueciam os golpes de espada, no ardor do combate.
Não, não acreditava naquela falsa pieira de lobos, no artifício da gruta, no lobo submisso!
Tudo aquilo era, apenas, uma cilada ao seu coração sensível.
Com um gesto indignado afastou de si a embusteira.
Ai dele, porém!
A pieira de lobos falava verdade.
E, magoada com a dúvida de D. Afonso, logo nesse instante lhe lançou uma terrível maldição:
- Tal como eu, irás vaguear, durante milhares de anos, atrás de outros milhares, por todos estes vales e florestas, em noites de Lua Cheia, seguido por uma alcateia ululante!
Depois dos malfadados acontecimentos desse dia de caça, o fidalgo pouco durou com vida. Doou aos frades todas as suas terras de Refojos e morreu de uma doença desconhecida e fatal.
Escusado será dizer que, quando sobre a Lua Cheia no céu daquelas paragens, no espaço de um relâmpado, qualquer um pode avistar D. Afonso Ancemonde, hirto na sela do seu cavalo, galopando alucinadamente, seguido por uma alcateia ululante.
Onde vai? De onde vem?
Ninguém o saberá dizer.
Sabe-se, apenas, que esta visão, iluminada por um luar funéreo, irá assombrar os caminhos da Ribeira-Lima, durante milhares de anos, atrás de outros milhares."
- (pastora de lobos)
Fonte: Câmara Municipal de Ponte do Lima
percurso pedestre
http://pt.wikiloc.com/wikiloc/view.do?id=4457153
Curiosidades
Dentro da gruta da Moura, encontramos musgo fosforescente, também conhecido pelo "ouro do Duende" , deve o nome ao seu brilho chamativo e de aspecto fosforescente, de tonalidade verde esmeralda. Esta luminescência não é devida a fenómenos naturais de fosforescência, como com outras plantas ou animais. O brilho da Schistostega Pennata, diz José Ramón Casanova, é devido ao "protonema -filamentos que surgen de la germinación de las esporas y que dará lugar al gametofito maduro". As células esféricas que actuam como lentes para recolher a luz e levá-la aos cloroplástos próximos, que reflectem uma luz verde-amarelada, por isso também é chamado de Ouro Duende.
Partimos à aventura por entre serranias à procura da gruta da Moura
Parceiros locais
Ao desenvolvermos este trilho tivemos a parceria da Alternativa XL que contribuiu para que fosse um sucesso.
A Alternativa XL [2], Animação Turística, Unipessoal Lda. é uma empresa de animação turística, com o alvará Nº 03/2006 do Turismo de Portugal. Situada no Minho, mais propriamente na freguesia de Anais, concelho de Ponte de Lima, dispõe de um espaço próprio, com cerca de 10.000 m2 para a prática de algumas atividades. O espaço dispõe de um espaço verde onde é possível acampar e realizar convívios, barbecue, rocha equipada para escalada (rocódromo), rapel, slide, campo de paintball, zona de jogos populares e balneários.
Autoria: ADOC