Viagem Medieval (Santa Maria da Feira)
Viagem Medieval em Terra de Santa Maria
A Viagem Medieval é o maior evento de recriação histórica medieval do País. Realiza-se, anualmente, durante dez dias consecutivos, no centro histórico da cidade de Santa Maria da Feira, atraindo diariamente 50 mil visitantes. Com características únicas no país, este projecto diferencia-se pelo rigor histórico, dimensão (espacial e temporal) e envolvimento da população e associativismo local, reforçando uma vasta equipa de mais de mil pessoas de diversas áreas, das quais 250 em regime de voluntariado. Centrada na recriação de episódios e acontecimentos que marcaram a História local e nacional da Idade Média, a VM começou por realizar-se no Castelo, mas rapidamente se expandiu para todo o centro histórico e zona envolvente, ocupando actualmente uma área de 40 hectares. A Viagem Medieval foi recentemente distinguida com uma menção honrosa na terceira edição dos Prémios Turismo de Portugal, na categoria de "Animação". Nos dois primeiros vídeos podemos ver uma encenação que decorreu no Castelo de Santa Maria da Feira. Após anos de solidão, a princesa Lia continua a fazer do castelo sua casa, onde a sua malícia grotesca desenvolveu ao ponto de ela não mais se contentar apenas com a alma dos seus visitantes, querendo apoderar-se também do seu corpo. Aligula, na tentativa de emendar o passado, volta ao castelo, que em tempos foi seu, e apela ao bom senso e compaixão de Lia – outrora uma princesa bondosa e acarinhada pelo povo. Mas o tempo mudou Lia, aliado à solidão, dor e sede de vingança. Uma história repleta de orgulho, coragem e misticismo, onde nem tudo é o que parece. O castelo de Santa Maria, construído antes da fundação da nossa nacionalidade, vai dar origem a uma nova povoação: a Feira. E porque uma feira é festa, é dança e é música, também na alcáçova do castelo se poderia ouvir algumas cantigas que faziam parte do dia-a-dia dos seus moradores ou até em dias de festejos. Na justiça medieval, para se obterem provas de culpa, o acusado era sujeito a determinados métodos de interrogatório, acompanhados de tormentos físicos, utilizando instrumentos comuns, adaptados às diversas práticas de tortura, de modo a manterem vivo o possível culpado, no interesse da instrução do processo.
No terceiro vídeo podemos ver vários locais que se inserem na viagem medieval. ANIMAÇÃO CIRCULANTE Pegando no conceito dos saltimbancos e outros artistas que deambulam por todos os lugares e feiras, a animação circulante pode ser apreciada em todo o perímetro do evento. São personagens, grupos de música, de teatro, malabares e outras artes circenses que, chegando a um determinado local, actuam e interagem com os presentes que os rodeiam. O ACAMPAMENTO MOURO Sitiados num determinado espaço, montavam as suas tendas características onde viviam o seu dia-a-dia, de acordo com os seus parâmetros culturais, religiosos e as suas tradições. Um acampamento muçulmano não deixava de ter uma vida idêntica à do seu inimigo cristão: faziam as suas orações, praticavam o manejo de armas e a sua destreza física, diferindo obviamente as suas crenças e rituais para além da sua indumentária. Mouras Encantadas Dizem os relatos populares que almas de "mui belas Mouras" ficaram encantadas junto ao lago e que, durante a noite, aparecem com os seus maravilhosos tesouros, aguardando homem de coragem que lhes quebre o encantamento. Assegura o povo que basta que não olhe e não se encante por nenhuma. E assim, mais um corajoso avança, em busca de riqueza. E confiante do seu sucesso, alegra-se por conseguir passar, uma a uma, as belas tentações e perigos que lhe surgem e chegar perto de tão imponente e bela figura. E não fosse o coração tão fraco, por certo este homem, como tantos outros, voltaria rico... O que buscava a riqueza, busca agora o amor... Mas o amor não quebra encantamentos, sabe-o bem a bela Moura Encantada, e não havendo salvação para ela também ele não viverá. Tal como fez a tantos outros, arrasta este homem enamorado para o seu triste fim.
Outros locais e pontos de interesse:
ALDEIA Com a conquista do território houve a necessidade de promoção e ordenamento do território fronteiriço, fazendo, deste modo, barreira ao inimigo e consolidando as posições territoriais ocupadas. Estas reocupações ou criação de novos povoados nasciam muitas vezes sob a protecção de fortificações pré-existentes, tendo as ordens religiosas, nomeadamente os Templários, um papel importante na defesa destas populações.
ARRAIAL Uma força militar, chegando a um determinado local, montava arraiais, acampando perto da povoação, da fortaleza ou castelo que pretendia tomar. As hostes militares eram estabelecidas em tendas, existindo outros espaços destinados à sobrevivência do dia-a-dia, à realização dos treinos militares e ao espaço sagrado onde se ouvia missa antes dos combates. Barreira de Tiro O arco é uma das armas militares mais conhecida na época medieval, manuseado por archeiros ou arqueiros que eram escolhidos de entre os restantes soldados. Para apurar a pontaria e ampliar a distância do disparo, os arqueiros praticavam com muita regularidade na barreira de tiro, tentando atingir um disparo de 200m. Peleja Muitas pelejas existiam na época medieval entre grupos rivais ou até entre irmãos de armas, testando a robustez física de cada um e o manobrar de lanças, espadas ou outros instrumentos ofensivos. Estas pelejas seriam combates realizadas por grandes guerreiros e que por vezes decidiam grandes contendas. Esta escaramuça decidirá o futuro de um castelo...
BANHOS PÚBLICOS Perante o cenário da Quinta do Castelo e suas grutas artificiais, os visitantes são convidados a “banhos e unguentos” ao som de melodias de harpa, em momentos de repouso e relaxamento. Este espaço, dinamizado pelas Termas de S. Jorge, retrata as práticas ancestrais do termalismo, que remontam a épocas tão distantes, como o período romano e medieval. No séc. XII, já D. Afonso Henriques tratou das suas enfermidades em “Banhos Públicos”, consagrando os benefícios “milagrosos” das águas minerais naturais que, até aos dias de hoje, evidenciam os seus efeitos curativos e preventivos na saúde. “El-Rei D. Afonso Henriques acordou com o Rei de Leão, em vir tratar-se às Termas de Portugal e, quando já pudesse cavalgar, regressaria à sua condição de prisioneiro. “
BOSQUE DOS SALTIMBANCOS Escondida na floresta, onde normalmente ninguém vai, está uma família de saltimbancos que, após ter percorrido muitas terras por esse mundo fora, decidiram viver uns tempos neste local. É lá, longe da aldeia, que eles treinam, vivem os seus sonhos, as suas brincadeiras, os seus romances, desavenças... Quem estiver com atenção e os olhos bem abertos, poderá ver algum deles na aldeia, onde costumam ir comprar pão... Se o encontrarem, sigam-no até à floresta e talvez vos mostrem as suas vidas escondidas! Como será que vivem estes artistas?
FEIRA FRANCA A feira, realizada em tempos de festas da Igreja, era o maior centro distribuidor de mercadorias, fomentando o comércio interno, aumentando os recursos populacionais das localidades e engrandecendo os réditos da coroa. Aos feirantes concediam-se privilégios, a renovação de outros e protecção régia, criando um ambiente de paz da feira, com condições de segurança para os que ali iam mercadejar.
LAGO DOS FEITIÇOS O fogo, a água, a terra e o ar são os quatro elementos que regem o mundo esotérico, com tradições, ensinamentos e interpretações que buscam revelar os segredos do mundo invisível através das chamadas ciências ocultas e que sempre existiram em todas as épocas, culturas e civilizações.
LIÇA A liça, sendo por excelência um local urbano de justas e torneios organizados em tempo de festas, era um terreiro delimitado por vedações com palanques e tribunas, onde tomavam assento os espectadores. Estes jogos da nobreza são reproduzidos ao longo dos tempos por homens burgueses que os imitam na perfeição, mantendo todas as suas regras e sinais no que diz respeito à própria colocação dos adversários, ao tipo de armas a utilizar ou à maneira de vibrar os golpes. Estes combates, entre dois cavaleiros ou mais, armados de espada ou lança, são perigosos e até mortais para os participantes, degenerando, algumas vezes, em autênticas batalhas.
Torneio Na Idade Média, o desporto favorito dos nobres cavaleiros eram os torneios. Serviam para resolver disputas entre senhores, mas também para conquistar os corações das damas. D. Afonso Henriques, organiza torneios em honra da sua amada filha Teresa Henriques. D. Afonso convida os melhores cavaleiros da Galiza para defrontar os melhores de Portugal. Estes torneios, prometem ser aguerridos porque, além de estar em causa o nome de Portugal, também está em causa a honra e os corações das damas portuguesas. Moinho de Papel Recriação de um moinho de papel medieval, onde se faziam folhas de papel de linho ou cânhamo, num processo de produção folha-a-folha, utilizando-se somente uma tina com pasta e uma forma de madeira. Estas folhas de papel passaram a substituir o uso do pergaminho como suporte privilegiado na realização de documentos e livros manuscritos. Passeios de Carroça A carroça foi, por excelência, o principal transporte colectivo medieval, levando de um lugar para o outro pessoas e cargas.
PASSEIO NAS MONTADAS O cavalo era, por excelência o meio de transporte, dos nobres senhores do reino que, desde muito cedo e fazendo parte da sua educação, aprendiam a arte de bem cavalgar.
PRAÇA DA VILA A praça, situada em frente à Igreja ou à Casa da Câmara, era um espaço público e polivalente por excelência, tendo também uma função judicial, onde se executavam os castigos no pelourinho ou na picota. O tabelião estava por perto, lavrando as escrituras e cumprindo as formalidades. O pregão era lançado em praça, devendo dar três voltas com um ramo verde na mão, apregoando o conteúdo da escritura. Os artífices expunham os seus produtos em poiais ou tabuleiros, tentando vender pelo melhor preço. Os mendigos e estropiados mostravam a sua miséria e pediam esmola a troco de se poder ganhar o céu. Os ladrões aguardavam a melhor ocasião e os serviçais ofereciam o seu trabalho a quem por ali passava. Mas, a principal atracção era sem dúvida os saltimbancos, os jograis, os momos, a música e as danças. A praça era um lugar de encontro de gentes, onde se vivia intensamente todos os momentos da vida quotidiana medieval.
SENTIR DO GUERREIRO Um Cavaleiro alucinado e, deveras apaixonado, o seu fiel, mas não muito, escudeiro, atrapalhados querem partir à conquista do castelo pois lá, aprisionada, encontra-se a sua amada, desaparecida à trinta dias e trinta noites. À pressa, todos são ordenados cavaleiros da Ordem “Partida” e partem numa investida ao castelo para procurarem e libertarem a dona do seu coração. Pelo caminho entram no bosque onde encontram umas figuras estranhas, que discutem entre si… Mais à frente, desafiados até à morte, conseguem derrotar dois terríveis cavaleiros e livrarem-se dos perigos do bosque, de novo no trilho certo rumam ao castelo… Cavaleiros alucinados, anões trapalhões, emboscadas, um cenário no mínimo divertido com cheirinho à aventura….
SUBIDA ÀS AMEIAS Os homens d’ armas deviam preparar-se para qualquer situação de guerra, como a de conquistarem uma praça fortificada ou um castelo e, deste modo, o treino de escalada era um dos exercícios físicos a realizar.
SUKH O sukh (mercado muçulmano) situava-se geralmente numa praça, local sobrepovoado e muito movimentado, onde se comercializava uma grande variedade de artigos, desde os mais luxuosos e caros até aos mais funcionais e baratos. Os mercados árabes nas cidades peninsulares, de maior ou menor dimensão, exerciam a sua actividade diária ou semanalmente, ou até sem interrupção, apenas salvaguardados pela hora das obrigações religiosas, especialmente à sexta-feira. Estes espaços comerciais e económicos não deixavam de ser autênticos centros de sociabilidade e convivência.
Fonte: Câmara Municipal da Feira e www.viagemmedieval.com